Metade das empresas que constituem a Associação de Turismo da Estância de Socorro tem mulheres como proprietárias, sócias ou à frente do negócio
Na Estância Hidromineral de Socorro – cidade turística localizada no Circuito das Águas Paulista e referência em aventura e ecoturismo – o empreendedorismo feminino é muito forte no segmento turístico. Para se ter ideia, atualmente, entre os participantes da Associação de Turismo da Estância de Socorro (ASTUR), o número também é expressivo: dos 87 associados, em mais da metade, 50,57%, mulheres são proprietárias, sócias ou estão à frente de negócios em hospedagem, gastronomia e aventura. Os dados referem-se a fevereiro de 2023. “A Associação é uma amostragem do perfil das mulheres empreendedoras na cidade, um termômetro. Por elas tem- se noção deste importante universo em ascensão para o trade turístico”, comenta Natália Claro, gerente da ASTUR.
“A importância da mulher nos negócios e no empreender? “Além de contribuir para o crescimento econômico, tem a questão de geração de empregos. Temos mulheres à frente de pequenos, médios e grandes negócios, em várias áreas, incluindo o turismo”, diz Maria Isabel Lopes, presidente da Associação Comercial e Empresarial de Socorro. “E, as mulheres empreendedoras transformam o meio onde estão, pois acabam servindo de exemplos para outras mulheres, transformando, assim, as relações sociais. Estas empreendedoras despontaram com uma grande força, apesar dos desafios que enfrentam em busca de superação e sucesso”, completa.
Para a empreendedora Monica Sartori, que acaba de assumir a secretaria de turismo de Socorro, a importância “está no olhar, no detalhe, no entender todos os lados e assim querer atender de forma única as pessoas que estão ao seu lado. A mulher traz a força e ao mesmo tempo delicadeza no empreender”.
Organizadas abaixo por faixa etária, as empreendedoras da ASTUR foram questionadas sobre vantagens e desafios da idade. “São empreendedoras determinadas, que sabem o que querem, se desdobram em funções e que precisam conciliar vida profissional e particular”, analisa Natália. “São, na maioria, mulheres receosas com mudanças e tecnologia, mas que fazem disso um trampolim para o crescimento”, diz.
De 18 a 30 anos
Flávia Camile Ferreira é sócia do Ekombier, o chope sobre rodas, onde cuida das mídias sociais e da divulgação e divide o financeiro e eventos com o sócio. O desafio no negócio é a idade. “Fiz 18 anos recentemente e até então meu maior desafio era de não conseguir resolver as coisas sozinha, no cartório, prefeitura, banco, por exemplo; tudo dependia de um responsável”, conta.
Com 22 anos, Ana Julia Campos Fernandes, faz de tudo um pouco na Socorro Aventura, que oferece passeios de quadriciclo, para ter cada vez mais conhecimento em cada setor da empresa. ”Ter minha idade é mostrar para muitas mulheres que isso pouco importa no ramo do empreendedorismo. É mostrar que todas conseguem”, diz. “Meu maior desafio é ser uma mulher e tocar um negócio de aventura, onde ainda é considerado um segmento masculino”, completa.
Para a proprietária e gerente da Pousada Mirante dos Adelphos, Jessica Bonfá, a vantagem de ter 30 anos é, por exemplo, oferecer uma comunicação adequada para os clientes e também para os colaboradores e funcionários. E, entender a importância do mundo digital e o posicionamento com as ferramentas atuais. “Com a minha idade, eventualmente pode haver uma ideia de novata, mas prefiro visualizar esse cenário como um fluxo constante de aprendizado”, diz.
De 31 a 40 anos
A proprietária e diretora executiva da Mundaka Aventura, empresa operadora de ecoturismo e turismo de aventura, Raquel Montini, 31 anos, se diz disposta, com muita energia e vontade. “A idade é muito relativa, temos jovens indispostos e idosos esbanjando energia por aí. O que realmente importa é o quanto você se dedica e quer fazer o seu negócio prosperar”, frisa.
Rafaela Corsi Barbosa, de 32 anos, é sócia da Pousada Vale Das Orquídeas. “A vantagem da minha idade é a facilidade em se adaptar com as constantes mudanças, novidades, criar e enxergar oportunidades onde talvez pessoas com mais idade não se arriscariam”, afirma.
A adestradora comportamental, tosadora e proprietária do hotelzinho pet Help Dog, Flavia Ferreira de Souza, de 37 anos, atua há mais de 10 anos na área. “Todos os dias pessoas novas trazem novidades. Mas, como sou apaixonada por cães, estou sempre por dentro e envolvida, procurando me especializar cada dia mais e procurando participar de todos os eventos pets do estado”, diz.
Com a mesma idade, 37, Samara de Castro Brito Valderrama é responsável por gestão de pessoas, compras e financeiro do Trilha Café. Autonomia para ela é a grande conquista dessa faixa etária e acompanhar as tendências de mercado é o que a estimula a se aprimorar com frequência.
Nova na cidade e em outra profissão, a enfermeira Divina Mariana Soares, de 38 anos, é quem administra o Divina D´Arte, um salão de beleza para mulheres, homens e com área kids. “Apesar de tantas mudanças e entrar em uma área que não tinha conhecimento, hoje posso dizer que sou realizada por ter o meu próprio negócio. Para empreender não tem idade, o que vale é a vontade de fazer acontecer”, ressalta.
Também com 38 anos, Tatiana Santos se divide em dois trabalhos e um deles é ajudar o pai no marketing, financeiro, central de reservas e manutenção da pousada Caruaru. “Cuidar do que é seu, o olhar do dono faz toda diferença em um estabelecimento”, conta Tatiana que se desdobra para conciliar vida profissional, casa, marido e filho, por exemplo.
O dia a dia com trabalho, filhos, casa e estudos também é um desafio para Camila Fernandes, de 40 anos, que realiza a administração geral da pousada Encantos de Socorro. “Hoje tenho mais maturidade para administrar um negócio e não relaciono a idade a um desafio, mas sim a rotina que engloba uma série de coisas que só nós mulheres conseguimos administrar ao mesmo tempo”, destaca.
De 41 a 50 anos
Maturidade em administrar tempo e dinheiro, desfrutando do melhor da vida na totalidade. É assim que se sente Monica Coppola, de 41 anos, sócia do pet shop, banho e tosa, Mundo Pets. “Manter-se sempre atualizada com as novidades do mercado, oferecendo sempre o melhor aos nossos clientes, é o grande desafio”, comenta.
Danubia Angelica Zanotti, de 42 anos, é idealizadora e fundadora do Ellementares Guest House, que vai muito além de uma hospedagem, é uma experiência de bem-estar e conexão com a natureza. “Temos que ser multitarefas hoje em dia, ainda mais no próprio negócio. O velho e bom Bombril, mil e uma utilidades”, brinca Danubia, que realiza da administração até servir café. “Existem inúmeros desafios num setor bastante novo pra mim, mas a idade não é um impeditivo para aprender, arriscar e investir”, completa.
No Parque Pedra Bela Vista, a sócia Isabela Lopasso Fernandes Rosa, 42 anos, dedica-se ao marketing e comunicação, mas “em um negócio próprio, fica bem difícil não se envolver em outras áreas”. “Tive que desconstruir o papel de funcionária para ser empregadora. Senti muita dificuldade no começo e ainda tenho outras hoje, mas elas me ajudaram a crescer, me sinto mais bem preparada hoje”, conta.
Michele Aparecida Gonçalves Alpi, 42 anos, e Valdete Braila, 43, além de terem as respectivas profissões, ainda são sócias do Empório Nono Alpi e se dedicam em todos os setores, do atendimento à limpeza. São unânimes: “escolhemos ser diferentes em atitudes dos nossos antepassados, partir para evolução mantendo a qualidade da tradição e a idade foi o fator de amadurecimento”.
Luciana Hortega, de 43 anos, é sócia-proprietária do Rock and Soul Music Bar e é responsável pela cozinha, além do administrativo de modo geral. “Atuei em diversas empresas e segmentos, então, aprendi estratégias que funcionam e as que não dão resultado e a importância da sistemática e dos procedimentos internos, mas principalmente descobri o tipo de empresa e de profissional que eu não quero ser”, enfatiza. “Em um mundo globalizado e em constante mutação, o maior desafio é manter-se conectado com as tendências do mercado, a evolução tecnológica e a dinâmica das relações humanas atuais”, completa.
Do café à administração também é Regiane Rodrigues, de 43 anos, que se dedica ao Hotel Cidade Aventura. “Tenho muita disposição, autoconhecimento e procuro estar sempre inovando”, diz ela, que assume que vez ou outra bate o “achar que não é capaz”, logo substituído pelo otimismo.
A sócia do Mega Park, que opera passeios com quadriciclo, Regiane Silva, de 43 anos, vê a idade como um constante aprendizado. “Atuo em diversas áreas no negócio e o turismo ensina muito em todos os sentidos, principalmente por lidar com pessoas”.
Quem também desempenha várias funções, de compras à recepção de hóspedes, na pousada Sons do Silêncio é Maria Isabel Lino Pardos, de 47 anos. “Por estar no comando da pousada tenho liberdade de horário para mim e posso estar muito mais tempo com minha filha, acompanhá-la nos cursos, por exemplo”.
Ana Luiza Russo, de 47 anos, proprietária do Chalés Santa Catarina, 100% petfriendly, e da Chácara São Miguel, se diferencia por ter implantado uma gestão diferenciada e organizada, que a libera de qualquer função operacional. “A vantagem da idade é a experiência, tive 18 anos de vida corporativa na maior parte fora do Brasil, nas áreas de marketing e desenvolvimento de negócios, que eu aplico atualmente”, explica.
Bárbara Lúcia Neto, de 49 anos, é a proprietária do Parque Monjolinho e da pousada A Mata que Canta. “A idade não influencia no negócio e sim o quanto a sua mente é aberta para o novo, o atual e buscar sempre novos conhecimentos”, afirma. “O desafio maior é ser mulher neste ramo e ser respeitada igualmente”, revela.
De 51 a 60 anos
Ana Cláudia Solda Righetto, de 51 anos, é proprietária da Cachaça do Lobo, onde cuida da parte de vendas. “Ser mulher, dona de casa e ainda empreender buscando a melhor qualidade é um enorme desafio”, desabafa.
Tecnologia é o grande desafio para Karen Cristina de Faria Mateus, 52 anos, uma das sócias da pousada familiar Toca do Roka. Recepcionista, cozinheira e gerente geral, atribui à idade a experiência de vida, que facilita na comunicação com os clientes.
Para Irene Aparecida de Souza Oliveira, de 52 anos, proprietária do também familiar Sabores do Currupira, é muito gratificante poder fazer o que se gosta. A preocupação dela é com as incertezas do mercado em relação à inflação, ter que se manter e não perder o cliente.
Ana Lucia Aranda, de 52 anos, também é da turma do faz tudo e “sem preguiça”, acrescenta ela, sócia do bar Rock Rider. “A maturidade me trouxe serenidade para lidar com os problemas do dia a dia, que não são poucos. E, estou tão focada e determinada que me sinto com 30 anos ainda”.
Aos 55 anos, Márcia Meneghelli, coloca literalmente a mão na massa nas delícias do Rancho Pompeia. “Já passamos por muitos desafios e permanecemos há mais de 20 anos, nesse tempo os clientes se tornaram amigos”, comemora.
Vilma Aparecida Tovazi Godoy, de 55 anos, é proprietária da lanchonete Morena da Fronteira. “Para trabalhar com público tem que ter jogo de cintura”, comenta.
Luka Fagundes, de 60 anos, além de ser proprietária do Ateliê Luka Brasil, ainda coordena o Espaço do Artesanato, com 35 artesãos. “A idade nos mostra que precisamos focar mais e não perder tempo com coisas desnecessárias, como opiniões alheias; buscar novos conhecimentos, mas sempre lembrando de todo nosso percurso”, diz. “Hoje o grande desafio é o mundo virtual, já que nasci no analógico. A comercialização e necessidades mudaram e precisamos acompanhar e estar atentas”.
Outras empresas/ locais para conhecer em Socorro com mulheres na liderança: Alambique Pioneira, Ateliê Terra e Arte, Camping Valle das Águas, Cores de Chá, Empório Caipira, Grínberg´s Village Hotel, Hotel fazenda Floresta do Lago, Lago Bistrô & Lounge, Lion Bar e Restaurante, pousada Pompeia, Hotel fazenda Portal do Sol e Hotel Recanto da Cachoeira.
Descubra Socorro: Estância Hidromineral de Socorro é o portal de entrada do Circuito das Águas Paulista, composto por nove municípios. Já é referência nacional em turismo de aventura e turismo acessível e se dedica para se tornar também um destino sustentável e petfriendly. Para isso, diversas ações de conscientização são criadas e envolvem moradores, empresários e turistas. Gastronomia variada, lazer para toda família e a melhor experiência em atividades culturais e passeios cercados pelas belezas naturais da Serra da Mantiqueira. Visitas guiadas ou autoguiadas em mais de 1300km de caminhos rurais disponíveis ao público. Em 2021, a “cidade aventura” – com mais de 20 atividades de aventura e ecoturismo – recebeu o selo Safe Travels (viagens seguras) concedido pela World Travel & Tourism Council (WTTC). Além de ser finalista nas categorias Aventura e Ecoturismo, foi vencedora no Top Destino Social, no prêmio Top Destinos Turísticos. E ainda, Socorro passou a ser a primeira cidade brasileira qualificada como membro da rede Cittaslow, uma associação internacional de localidades “onde viver é bom”.
Informações detalhadas de hospedagens, gastronomia, aventuras e compras no site oficial do turismo de Socorro: www.socorro.tur.br
Fonte: VGCOM