Especialistas listam 15 Desafios das mulheres para 2023

Carreira e Vida Pessoal, mulheres em questão para uma reação!

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de mulheres superou em 4,8 milhões o de homens no Brasil. A população estimada em 2021 é de 212,7 milhões de pessoas. Desse total, 108,7 milhões (51,1%) são mulheres. Mesmo sendo maioria ainda não desfrutam da justa representatividade do seu desempenho dentro das empresas, principalmente entre os cargos de liderança. 

 

Outro dado também importante é do  relatório “Women in the Workplace 2021”, da consultoria McKinsey, que revela que quanto mais alto for o cargo, menor a presença feminina – enquanto há 62% de homens brancos na alta liderança (C-Suite), há apenas 20% de mulheres brancas. De homens de cor, há 13%, e o percentual de mulheres é ainda mais baixo, atingindo apenas 4%. 

Pensando nisso, as especialistas listam 15 Desafios das mulheres para 2023. Confira.

1 – Equidade Salarial: “A diferença entre o salário recebido por homens e mulheres é antigo tópico de discussão e luta, em várias áreas. Apesar disso, progride a passos lentos pois ainda é comum notar a mesma vaga com salários e benefícios completamente diferentes e menores para as mulheres, principalmente em posições criativas ou de liderança, mesmo que isso se revele na abertura que determinada empresa tem na negociação na hora da contratação”, revela Fernanda Ramos, especialista em comunicação e diretora de marketing com mais de 18 anos de experiência.

 

2. Autoconhecimento: “Quando falamos de mulheres no mundo corporativo, seja em posição de liderança ou não, uma das principais lições que devemos ter é sobre autoconhecimento. Dentro de um negócio, as mulheres entendem e aprendem sobre seus próprios pontos fortes e também ganham a oportunidade de utilizá-los a seu favor. Por outro lado, o autoconhecimento também é importante na hora de conhecer suas próprias limitações e pontos fracos, e utilizar disso para ter a chance de modificá-los. Dessa forma, o crescimento segue sendo crescente – tanto pessoal quanto profissionalmente falando”, explica Dani Verdugo, CEO do Grupo THE. 

3 – Machismo: O machismo predomina nos arredores políticos que são marcados pela baixa representatividade feminina. A sobrecarga de atividades atribuídas às mulheres pela sociedade, os empecilhos do sistema político-partidário, o preconceito e a desvalorização das mulheres muitas vezes as mantém longe da candidatura. 

“É fato que não se pode negar a realidade do preconceito e machismo contra mulheres e mães tanto na política como no mercado de trabalho atual. Não deveria ser assim, mas é a realidade, para se destacar a mulher tem que ser tecnicamente muito melhor qualificada do que qualquer homem que exerça a sua mesma função e ainda ter garra para dar conta, com mestria das suas duplas e, às vezes, triplas jornadas de trabalho. Mas na minha visão, o principal é ser uma candidata focada em resultados. Se o resultado final do seu trabalho é acima da média, isso vai ser o seu cartão de visitas”, diz Larissa DeLucca, que é CEO da Negócios Acelerados e Diretora da FundaçãoMulheres Aceleradas. 

4. O apoio entre as mulheres: “O que todos precisamos entender é que nenhuma caminhada se faz sozinha. Quando as mulheres acreditam uma na outra, se apoiam e lutam todos os dias para ocupar espaços de destaque dentro das empresas, isso serve para abrir portas para outras mulheres também.  O percurso nunca é fácil, por conta disso, quando uma mulher conquista um espaço de destaque e liderança dentro de uma organização, ela tende a puxar outras mulheres com ela para que façam parte desse crescimento”,  indica Dani Verdugo é CEO do Grupo THE , grupo de empresas dedicado à alta performance através de pessoas constituído por: Executive Search, na THE Consulting; a THE Projects em Talent Development e a THE Tech, uma Edtech. 

 

5 – Assédio no ambiente de trabalho: “A desigualdade de gênero ainda cria outros obstáculos no ambiente de trabalho, causando conflitos e gerando impactos psicológicos negativos para as mulheres. Nesse cenário, é muito comum citarmos o assédio sexual como um dos principais problemas mas existem outros tipos de assedios e despespeitos muito cometidos contra mulheres.  Para se ter uma ideia, uma pesquisa da Aberje aponta que 72% das mulheres ja’ sofreram algum tipo de assédio no trabalho. Em meio a essa realidade, sempre acredito que informação e conhecimento são nossos melhores aliados, como sociedade e como times diversos que precisam conviver, colaborar e evoluir. No ambiente corporativo, é preciso que mulheres e homens se unam com o mesmo objetivo, com amplo apoio da liderança, a fim de implementar canais cada vez mais seguros de comunicação, aconselhamento, denúncia e gestão de consequências”, orienta Fernanda Ramos, especialista em comunicação e diretora de marketing com mais de 18 anos de experiência.

6 – Equilíbrio entre a vida pessoal e profissional: Pesquisas da ISMA-BR (International Stress Management Association no Brasil) mostram que é grande o número de pessoas que negligenciam a vida pessoal ao se dedicar mais à profissional por medo de demissão ou de ficar para trás em promoções.

“Apesar dessa pauta estar sendo discutida há décadas, ela nunca foi tão atual como agora. Na realidade pós-Covid, onde a delimitação de espaços entre casa-escritório segue ainda em processo de redesenho, as organizações estão ficando para trás e demorando para se adaptar às novas demandas e necessidades de suas equipes e de suas famílias. Muitos profissionais estão exercendo seu poder de decisão e tomando para si o protagonismo nessa discussão, equilibrando a balança de poder entre empregado e empregador. É um movimento que precisa acontecer tanto entre mulheres quanto entre homens, também baseado em dados que comprovam a melhora da produtividade, da entrega das equipes e também da saúde física e emocional do colaborador. Para funcionar, o propósito deve estar alinhado com o propósito da empresa”, esclarece Fernanda Ramos, especialista em comunicação e diretora de marketing com mais de 18 anos de experiência.

7 – Falta de oportunidade de promoção: Uma pesquisa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV-IBRE) apontou que, desde 2012, a taxa de desemprego das mulheres é superior à dos homens. De acordo com o levantamento, o índice de desempregadas era de 16,45% em 2021, o equivalente a mais de 7,5 milhões de mulheres. No total, o índice médio anual de desemprego na economia foi de 13,20% em 2021, de acordo com o levantamento. O estudo foi feito com base em análise de dados da PNAD de 2021, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).  “Esse é mais um efeito da mesma causa. Para além de respeitar e legitimar as mulheres em qualquer posição que seja, é necessário compreender que existe um déficit histórico e que a aceleração da solução passa por pensar ativamente na geração de oportunidades, desenvolver estruturas e abrir vagas pensadas e direcionadas para a equidade de gênero”, complementa Fernanda.

 

8. Reconhecimento de valores: “Quando encontramos mulheres em posições de liderança dentro de uma empresa, sabemos que o papel dela será fundamental para criar ambientes mais criativos e acolhedores. Além disso, as líderes femininas também costumam ter um olhar mais empático e sensível com os colaboradores, algo que ajuda no reconhecimento de valores – tanto no reconhecimento de valor de um colaborador, quanto no impacto direto nos valores da organização”, conta Dani Verdugo.

 


9. Faça a sua voz ser ouvida: No mercado de trabalho, não é raro que mulheres sejam silenciadas por suas opiniões, muitas vezes não são ouvidas apenas pelo gênero. “É importante saber que a argumentação não servirá somente no aspecto profissional, mas no pessoal também. No mundo dos negócios vendemos nossas ideias e projetos todos os dias para parceiros, fornecedores e líderes. Damos e recebemos feedback. Isso diz muito sobre a importância de sabermos veicular nossas ideias e ideais de uma forma clara e convincente, mas não somente no ambiente profissional, mas principalmente pessoal”, mostra Maytê Carvalho,  professora, comunicóloga e autora do livro “Ouse Argumentar: Comunicação assertiva para sua voz ser ouvida”.

10. Não se deixe ser silenciada: “Em alguns momentos, é comum que os debates terminem em ofensas e tons de vozes elevados. Nesses casos, é importante pedir um tempo e continuar a discussão em outro momento. Não podemos confundir tempo-limite com tratamento de silêncio. O primeiro é empático, o segundo é perverso. São utilizados por narcisistas como forma de punir e constranger o outro. Além disso, é necessário ficar atento a como as pessoas podem utilizar da argumentação a seu favor. Muitos manipulam o interlocutor com falácias e ultimatos como, por exemplo, a falácia do ataque pessoal ou do apelo à misericórdia. É preciso estar atento e vigiar como nós falamos com os outros e como os outros falam conosco. Toda fala revela dinâmicas invisíveis de poder e de influência”, conclui Maytê. 

11 – Violência no relacionamento: a grande parte das mulheres só percebe que está em um relacionamento patriarcal quando começa a sofrer violência, seja ela qual for o tipo. “O que acontece é que o casal pode identificar se está nesse tipo de relação ou com requisitos patriarcais sem chegar ao nível da violência. A principal dica é sempre conversar, perceber se estão operando em atitudes estereotipadas e conversar sobre as exigências que um tem em relação ao outro. Infelizmente, isso exige um nível de autoconhecimento no nível de consciência sobre as formas de opressão, algo que a maior parte dos brasileiros não tem. Então, a identificação de um relacionamento patriarcal e abusivo, acaba acontecendo somente quando a mulher começa a sofrer violência”, explica Mayra Cardozo, advogada especialista em Direitos Humanos e Penal, também é mentora de Feminismo e Inclusão e líder de empoderamento.

12 – A baixa autoestima: nesses casos de relacionamento, a autoestima e a autoconfiança ficam cada vez mais minimizadas. “As mulheres começam a se diminuir, seja na relação ou em outros ambientes que ela frequenta. Se ela costuma ter uma postura submissa em casa, em que o homem gere o dinheiro da casa, toma as últimas decisões e ela atua de uma maneira servil, provavelmente essas atitudes são reproduzidas no ambiente de trabalho. Dessa forma, a mulher começa a ter uma postura, não só em relação ao seu parceiro, mas ao longo da vida, de passar o tempo todo sem ter voz ativa, se desempoderar de tomar o rumo da própria vida, passar a vida em um backstage e não no palco porque o palco já está ocupado pelo homem”, completa Mayra Cardozo.

13 – Ajuda psicológica: o tratamento psicológico é importante tanto para quem está em processo de descobrir que está em um relacionamento patriarcal, quanto para quem já saiu. “É importante fazer um tratamento e trabalhar em um processo de autoconhecimento, em que seja capaz de perceber e questionar as crenças que ela tem sobre os relacionamentos, sobre qual deve ser a função de uma mulher, o que ela quer para a vida dela. Muitas vezes, sem conhecer as crenças que carregam, mesmo após sair de um relacionamento patriarcal e abusivo, a mulher acaba se envolvendo em um outro relacionamento assim. A melhor maneira de se curar de um relacionamento abusivo é passar por um processo de autoconhecimento, em que a mulher questione aquilo que foi introjetado nela, para que ela não seja mais atraída por essas formas de relacionamento”, entende Mayra Cardoso.  

14 – Conhecimento: para entender os sinais, sobre estar em um relacionamento patriarcal ou não, é preciso ter um nível de consciência sobre o que é ter um relacionamento desse. “É importante entender o que é o patriarcado, o que é uma pessoa machista e o que a mulher entende sobre o feminismo. Infelizmente, a maior parte das pessoas não têm essa consciência e acaba sofrendo situações abusivas e machistas sem saber que é algo errado. Uma dica necessária é estudar sobre isso, sobre o feminismo, sociedade patriarcal, crenças introjetadas na sociedade. Entender irá criar um arcabouço teórico para que a mulher se sinta confiante de falar que está sofrendo um relacionamento desse”, diz Mayra Cardoso, advogada especialista em Direitos Humanos e Penal, também é mentora de Feminismo e Inclusão e líder de empoderamento.

15 – Novas fontes de amor: para quem consegue deixar um relacionamento patriarcal e abusivo, é importante ter em mente a necessidade de encontrar outras fontes de amor e se empoderar. “Não adianta nada deixar o relacionamento e acabar se envolvendo com outras pessoas que são machistas, misóginas e vão configurar novos relacionamentos abusivos. O ideal é que a mulher vá norteando a sua fonte de amor, para que tenha mais confiança para sair de um relacionamento que a faz sofrer, e consiga encontrar uma outra realidade de amor e relacionamento com seus próximos parceiros”, conclui Mayra Cardoso, advogada especialista em Direitos Humanos e Penal, também é mentora de Feminismo e Inclusão e líder de empoderamento.

 

Fonte: Comunica PR

 

 

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